Campeonato da Europa de Triatlo Longo - Crónica Telmo Veloso
Campeonato da Europa de Triatlo Longo
26 de Junho de 2010
(Crónica de Telmo Veloso)
Depois de várias contrariedades que condicionaram alguns dos planos que tinha para 2010, especialmente a lesão da Susana em Janeiro que a impediu de treinar durante quase 2 meses, foquei toda a minha preparação na participação no Campeonato da Europa de Triatlo Longo. Foram 5 meses de treinos intensos quase sempre bi-diários (quando a vida o permitiu), com várias provas pelo meio, destaque para os 2 Meios Homens de Ferro (Lisboa e Aveiro). Ao longo deste tempo fui-me sentido cada mais forte e confiante.
A prova foi fantástica! Para além do orgulho de vestir o equipamento de Portugal e da beleza do percurso, este triatlo teve um pormenor que me deixou muito emocionado, foi a presença dos meus pais na assistência, especialmente da minha mãe que nunca tinha estado presente numa prova desta distância e importância. Quando sai da água e vi os meus pais, confesso que me emocionei bastante. Eu já fiz muitas provas, algumas semelhantes a esta, e nunca tive o apoio das pessoas que gosto (é o único mal da Susana também fazer as mesmas prova que eu). Quando fiz o Ironman em Frankfurt senti muito essa falta, especialmente quando “morri” na corrida e via o apoio aos outros triatletas.
Desta vez a presença dos meus pais deu-me muito alento e uma força extra. No final da 1ª volta de bicicleta lá estavam eles com a bandeira de Portugal no ar e eu, quando sentia o cansaço, só pensava “Telmo eles merecem e estão à espera que dês o máximo, não podes quebrar”. No final da 2ª volta quando entrei no Parque de Transição para a corrida, e depois de ter feito talvez o meu melhor segmento de bicicleta de sempre, lá estava a minha mãe a gritar por mim junto a uma grade e voltei a deixar cair outra lágrima quando a vi toda orgulhosa.
O nosso estado de espírito condiciona a nossa performance e eu fiz toda a prova com muita alegria e boa disposição e senti-me sempre muito bem, não parecia que estava numa competição. Prova disso foi no final da 1ª das 3 voltas de corrida eu ter ido à grade dar um beijo de agradecimento à minha mãe. O juiz que estava nesse sítio só me indicava que o caminho era à direita e eu estava a ir pela esquerda (claro que sorriu quando reparou que eu ia cumprimentar a minha mãe). A minha mãe é que ficou confusa pois ficou com a ideia que eu já estava a acabar a prova, mas ainda faltavam mais 2 voltas (20 kms)…
No final acabei em 6º lugar do meu escalão que foi excelente, apesar de o 5º classificado ter ficado a escassos 10 segundos e porque eu, não sabendo que era do meu escalão, deixei que passasse enquanto fui buscar o cachecol de Portugal antes de cortar a meta, paciência…
A alegria só ficou completa quando, depois de ter cortado a meta, vi que a Susana já ia a caminho da última volta a bom ritmo e com cara de boa disposição. Melhor só quando me disseram que ficou em 3º lugar. A subida da Susana ao pódio europeu foi outro momento único que recordarei para sempre.
Resumindo: foi uma prova que guardarei no coração pelas excelentes emoções que me proporcionou, demonstrando que vale a pena o esforço e sacrifício que por vezes fazemos.